PUBLIC RELATIONS // TRUMP REVELADO: A BIOGRAFIA DEFINITIVA DO 45º PRESIDENTE DOS EUA

17.4.17

Sempre que existem eleições presidenciais, os jornalistas do Washington Post começam uma extensa investigação às vidas e carreiras dos candidatos a presidente, desta forma, surge então este livro, da autoria de Michael Kranish e Marc Fisher, que pretende desvendar um pouco do mistério sobre Trump, de como foi a sua infância e como se tornou um homem de sucesso, até chegar à Casa Branca. 


Tudo começou como se fosse uma espécie de brincadeira. Donald Trump, o conhecido magnata do imobiliário, dizia que se ia candidatar a Presidente mas, na realidade, ninguém levou a sério. Toda a gente o via como uma piada, uma figura de folclore que nunca teria hipóteses de conseguir sequer uma nomeação como candidato. No entanto, o tempo foi passando e as suas intenções foram-se tornando cada vez mais claras. Donald decidiu que iria ser candidato à nomeação presidencial pelo Partido Republicano e, como em tudo a que se propõe, entrou para ganhar e sem ter medo de dizer o que pensa, exactamente da forma como pensa, sem filtros. A verdade é que, mesmo quando ninguém achava possível, foi nomeado como candidato e, mais do que isso, venceu, tornando-se o 45º Presidente dos Estados Unidos da América. Mais do que Presidente ou bilionário, Trump é uma marca que sempre se soube promover com relativa facilidade. Amado por uns e odiado por outros, como é que um magnata do imobiliário e estrela de reality show chega à Casa Branca? 


Trump é filho de Mary MacLeod e Fred Trump. A sua mãe é uma emigrante oriunda de uma pequena ilha na Escócia (Lewis). Emigrou para os EUA em 1930 à procura de melhores condições de vida, uma vez que a situação na ilha era cada vez mais complicada para todas as famílias que lá viviam. Mary chega aos EUA numa altura em que começam a cortar quotas de emigração de vários países e a expulsar estrangeiros, curiosamente, muito à semelhança daquilo que o filho tem feito recentemente, desde que é Presidente. O pai, Fred Trump, era filho de um emigrante Alemão, que foi para os EUA em 1885. Ao contrário da mãe, a família do pai não tinha dificuldades económicas. O avô estava já ligado ao imobiliário, tendo feito grande fortuna durante a Grande Depressão, aproveitando as oportunidades que surgiam. O seu pai, Fred, seguiu também as pisadas no imobiliário e foi conseguindo uma grande riqueza, construíndo casas que alugava ou vendia à classe média. Tal como no caso do filho, Fred sabia muito bem promover a sua marca, fazendo várias publicidades e concursos. 

Donald ingressou em 1959 numa escola militar (New York Military Academy).O pai colocou-o lá pois decidiu que o seu comportamento e as companhias que tinha junto de casa não eram as mais adequadas. Donald sempre foi desafiador, irreverente e, como tal, precisava de disciplina, sendo a escola militar a alternativa. Aí acabou por sobressair a sua veia competitiva, queria sempre ganhar, ser o primeiro em tudo. Essa característica acompanha-o ainda hoje e fez dele a pessoa que é. Entre o final do ensino secundário e o início da Universidade vai trabalhar com o pai. 

Em 1966 entra na Universidade da Pensilvânia (Ivy League) e esteve envolvido no departamento de mercado imobiliário da escola, onde dizia que iria ser o próximo Bill Zeckendorf (construtor de Manhattan e dono do Chrysler Building). Quando acaba a Universidade, passa a trabalhar com o pai a tempo inteiro. No entanto, mais tarde demarca-se do negócio do pai por não concordar com a política de vender casas à classe média. Para ele isso era pouco, Donald ambicionava mais e melhor. Por isso, começou a procurar possíveis negócios e foi aí que comprou o Hotel Commodore, que renovou e modernizou. A partir daí, foi sempre evoluindo e fazendo crescer a sua fortuna.


Embora nos EUA sempre tenha sido bastante conhecido, a maioria das pessoas passou a conhecer mais Donald Trump quando entrou no mundo dos reality show's, tendo o seu próprio programa: O Aprendiz. Donald não gostava de reality show's, mas viu neste uma possibilidade de se publicitar ainda mais e dar a conhecer a sua marca a um público novo. Graças a isto, tornou-se uma celebridade ainda maior. As pessoas gostavam dele porque era verdadeiro, dizia aquilo que pensava com toda a naturalidade do Mundo. O programa deu-lhe oportunidade de expandir a marca Trump para áreas que ainda não tinham sido exploradas por si. Quando acabou, havia já toda uma linha de vestuário da marca Trump disponível. Para além de toda esta publicidade, deu também oportunidade a jovens empresários de trabalharem para ele e aprender consigo sobre o mundo do imobiliário. 


De estrela de TV à Casa Branca

A ideia de uma candidatura à Presidência tinha já sido abordada várias vezes por meios de comunicação social, sendo sempre negada pelo próprio. No entanto, hoje podemos afirmar que a ideia já estava na sua mente há algum tempo, mesmo que o negasse. Em 2012, após as eleições, apresentou um pedido de patente da frase: "Make America Great Again" ("Tornar a América Grande Outra Vez"), frase essa que iria ser o slogan da sua campanha presidencial. 

Na corrida à nomeação republicana, Trump tinha um adversário de peso: Jeb Bush. Vindo de uma família de presidentes, era o favorito a ganhar a nomeação mas, contra todas as probabilidades, Trump, com o seu discurso inflamado e polémico, foi ganhando cada vez mais apoiantes. Numa fase inicial a sua estratégia de campanha era aproveitar o seu nome, a sua marca, para ir ganhando apoio, mas tentando não dar muita nas vistas, para melhorar a visibilidade negativa. No entanto, o seu sucesso foi tanto que rapidamente a estratégia mudou de discreta para algo em grande. Ganhava cada vez mais apoiantes e enchia salas de espectáculo nos seus comícios, aproveitando o seu estatuto de estrela. Era diferente de todos os outros, quebrava as "regras" de todas as campanhas e, por isso, muita gente se ia identificando com ele. 


Foi nomeado candidato Republicano à presidência e, mesmo apesar de ter desafiado todas as probabilidades e expectativas, muita gente continuava a não o levar a sério e a achar que não teria hipóteses de ganhar. No entanto, a nível de relações públicas a estratégia utilizada pelos seus responsáveis de campanha foi incisiva e deu resultados. Em vez do politicamente correcto a que as pessoas estavam habituadas, optou por dizer o que pensava, como sempre o fez. Aproveitou a onda de ataques terroristas para prometer guerra contra o ISIS. Começou a falar do muro para separar os EUA do México e, embora para a maioria de nós este tipo de ideias seja chocante, a verdade é que existem ainda muitas pessoas que se identificam com elas. E foi exactamente a esse tipo de pessoas que ele apelou. Escolheu muito bem o seu público-alvo e disse às pessoas exactamente o que elas queriam ouvir. Não lhes interessava se os emigrantes eram realmente os responsáveis pelas dificuldades económicas no País, porque queriam era a América só para si, queriam torná-la "Grande Outra Vez". Dirigiu-se maioritariamente às pessoas do interior dos EUA, pessoas mais conservadoras, com pensamento mais retrógrado, que rejubilavam com a ideia de se acabar com os imigrantes e lutar contra os terroristas. E nem quando se abateu sobre si a polémica de tratar as mulheres como objetos, as pessoas deixaram de o apoiar. 

Trump foi subestimado, porque toda a gente pensava que as pessoas preconceituosas eram a minoria, que não haveria muita gente a identificar-se com o seu tipo de discurso. E subestimaram-no principalmente ao não perceberem que os eleitores estavam fartos dos mesmos tipos de políticos, com os seus discursos polidos e correctos, que nunca fugiam do guião. Na verdade, nunca ninguém pensou que pudesse vir a ser Presidente, mas a realidade é que isso aconteceu. E, como em tudo na vida, levou o seu objetivo até ao fim. Por muito que não goste de Donald Trump, com este livro aprendi uma coisa bastante importante sobre o mesmo: é alguém ambicioso que, quando entra em algo, não aceita nada menos que a vitória, faça ele o que tenha que fazer para a alcançar. 

Quando foi eleito Presidente, seguiram-se uma série de protestos e a maioria do Mundo ficou em choque com esta nova realidade. Porém, ele é o 45º Presidente dos EUA e, agora, resta-nos esperar que as suas ideias radicais sejam apenas promessas eleitorais e manobras de divertimento de um homem que tão bem se sabe promover. 

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@ joanaalexandre